quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ideologias, Espirito do Judô


  • Quem teme perder já está vencido.
  • Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo humildade.
  • Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.
  • Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.
  • O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar.
  • Conhecer-se é dominar-se, dominar-se é triunfar.
  • O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam, paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes e fé para acreditar naquilo que não compreende.
  • Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judocas.
  • Praticar judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.

Nascimento do Judô





Jigoro Kano


Baseado nesses inconvenientes, Jigoro Kano, um jovem que na adolescência se sentia inferiorizado sempre que precisava desprender muita energia física para resolver um problema, resolveu modificar o tradicional jujutsu, unificando os diferentes sistemas, transformando-o em um poderoso veículo de educação física.



Pessoa de alta cultura geral, ele era um esforçado cultor de jujutsu. Procurando encontrar explicações científicas aos golpes, baseados em leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as melhores técnicas dos vários sistemas de jujutsu,juntamente com os imigrantes japoneses dando ênfase principalmente no ataque aos pontos vitais e nas lutas de solo do estilo Tenshin-Shinyo-Ryu e nos golpes de projeção do estilo Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como os do equilíbrio, da gravidade e do sistema de alavancas nas execuções dos movimentos lógicos.



Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no espírito do ippon-shobu(luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o jujutsu aprimorado, além de sua utilização para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias oportunidades no sentido de serem superadas as próprias limitações do ser humano.



Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Salgueiro), que se baseava no princípio de "ceder para vencer", utilizando a não resistência para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com o mínimo de esforço. Em um combate, o praticante tinha como o único objetivo a vitória.



No entender de Kano, isso era totalmente errado. Uma atividade física deveria servir, em primeiro lugar, para a educação global dos praticantes. Os cultores profissionais do jujutsu não aceitavam tal concepção. Para eles, o verdadeiro espírito do jujutsu era o shin-ken-shobu (vencer ou morrer, lutar até a morte).



Diz a lenda que um médico e filósofo japonês, Shirobei-Akyama, estava convencido que a origem dos males humanos seria resultado da má utilização do corpo e do espírito. Deste modo partiu para estudos de técnicas terapêuticas chinesas, estudou o princípio do taoísmo, acupuntura e algumas técnicas de wushu, luta chinesa que usava as projeções, as luxações e os golpes.



Quando Shirobei retornou ao Japão passou a ensinar seus discípulos o que havia assimilado do princípio positivo da filosofia taoísta, tanto na medicina como na luta, ou seja, ao mal ele opunha o mal, à força, a força. No entanto este princípio só se aplicava a doenças menos complexas como em situações fáceis de lutas, ao enfrentar um oponente mais forte não dava resultados. Assim, seus discípulos o abandonaram, e ele, perplexo, retirou-se para um pequeno templo e por cem dias meditou.


Durante este espaço, tudo foi colocado em questão, a filosofia chinesa ying e yang, a acupuntura e por fim todos os métodos de combate, na medida que "opor uma ação a outra ação não é vantajoso a não ser que a minha força seja superior à força adversa".


Certo dia, quando passeava no jardim do templo enquanto nevava, escutava os estalidos dos galhos das cerejeiras que cediam sob o peso da neve. Por outro lado, observou um salgueiro que com o peso da neve permanecia forte, um dia percebeu que o salgueiro tinha se quebrado pois não sustentou o peso da neve e a cerejeira curvava os seus ramos até que a neve era depositada no solo e depois retornava a sua posição inicial.



Por suas idéias, Jigoro Kano era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores da época, mas não mediu esforços para idealizar o novo jujutsu, diferente, mais completo, mais eficaz, muito mais objetivo e racional, denominado de judô, e transformando-o num poderoso veículo de educação física. Chamando o seu novo sistema de judô, ele pretendeu elevar o termo "jutsu" (arte ou prática) para "do", ou seja, para caminho ou via, dando a entender que não se tratava apenas de mudança de nomes, mas que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentação filosófica.


Em fevereiro de 1882, no templo de Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola de Judô, denominada kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade), já que "Ko" significa fraternidade, irmandade; "Do" significa caminho, via; e "Kan", instituto

Decadência e Renascimento do Jujutsu

Em 1864, o comodoro Matthew Perry, comandante de uma expedição naval americana, conseguiu fazer com que os japoneses abrissem seus portos ao mundo com o tratado "Comércio, Paz e Amizade". Abrindo seus portos para o ocidente, surgiu na Terra do Sol Nascente uma tremenda transformação político-social, denominada Era Meiji ou "Renascença Japonesa", promovido pelo imperador Matsuhito Meiji (1868-1912). Anteriormente, o imperador exercia sobre o povo influência e poderes espirituais, porém com a "Renascença Japonesa" ele passou a ser o verdadeiro comandante da Terra das Cerejeiras.

Nessa dinâmica época de transformações e inovações radicais, os nipônicos ficaram ávidos por modernizar-se e adquirir a cultura ocidental. Tudo aquilo que era tradicional ficou um pouco esquecido, ou melhor, quase que totalmente renegado. Os mestres do jujutsu perderam as suas posições oficiais e viram-se forçados a procurar emprego em outros lugares. Muitos se voltaram então para a luta e exibição em feiras.

A ordem proibindo os samurais de usar espadas em 1871 assinalou um declínio em todas as artes marciais, e o jujutsu não foi uma exceção, sendo considerado como uma relíquia do passado. Como não era difícil acreditar, tempos depois surgiu uma onda contrária às inovações radicais. Havia terminado a onda chamada febre ocidental. O jujutsu foi recolocado na sua posição de arte marcial, tendo o seu valor reconhecido, principalmente pela polícia e pela marinha. Apesar de sua indiscutível eficiência para a defesa pessoal, o antigo jujutsu não podia ser considerado um esporte, muito menos ser praticado como tal. As regras não eram tratadas pedagogicamente, ou mesmo padronizadas.

Os professores ensinavam às crianças os denominados golpes mortais e os traumatizantes e perigosos golpes baixos. Sendo assim, quase sempre, os alunos menos experientes machucavam-se seriamente. Valendo-se de sua superioridade física, os maiores chegavam a espancar os menores e mais fracos. Tudo isso fazia com que o jujutsu gozasse de uma certa impopularidade, especialmente entre as pessoas mais esclarecidas. O jujutsu entrava em outra fase de decadência.

Graduações


Os judocas são classificados em duas graduações:
kyu e dan. Dependendo das graduações, os judocas aprendem novos golpes. Há 5 conjuntos de golpes básicos (Go Kio): cada um desses grupos é chamado Kio. Da faixa branca à laranja, os Senseis ensinam aos judocas os kios 1 e 2(Dai Ikkio e Dai Nikio). Do kio 3 (Dai Sankio) para cima é necessário estar na faixa verde e ainda depende da idade. Os golpes do 3º kio são para judocas com mais de 16 anos, e se usados em campeonatos, o judoca leva um shido.

As promoções tanto para as graduações de
kyu(Classificação) como para as de dan(Grau) baseiam-se em exames que incidem sobre requisitos tais como: duração de tempo de treino, idade, caráter moral, execução das técnicas especificadas nos regulamentos e comportamento em competições. No caso de promoção de kyu(classificação), faixa branca a marrom é outorgada pela associação, no caso de promoção as graduações de dan, até 3º dan são realizadas pela banca examinadora da Liga de Judô Estadual, as outras graduações superiores pela Comissão Nacional de Graus. O sucesso em torneios, campeonatos, por si só não constitui motivo de promoção, é preciso comprovar idoneidade moral e conhecimentos do judô.

Os graus de eficiência no Judô dividem-se em aluno (Kyu) e mestre (Dan). O mais alto grau concedido é a extremamente rara faixa Colorada Judan (10º Dan) que até ao ano de 1965 fora concedida apenas a sete homens
.

O Judô prevê ainda um décimo primeiro dan (Juichidan), que também usaria uma faixa vermelha, e ainda um décimo segundo dan (Junidan) que usaria uma raríssima faixa branca, duas vezes mais larga que a faixa comum, simbolizando o auge da pureza, cores essas tanto vermelha como branca que simbolizam a flor de cerejeira, símbolo do Judô. Esta última apenas foi concedida ao mestre inventor do judo, e a quem todos os judocas estão gratos, o mestre Jigoro Kano.



Graduações Kyu

Há oito graus de
kyu, os quais se distinguem pelas cores das faixas:




Graduações Dan

As graduações de
dan, ao contrário das de kyu, avançam de 1º dan (shoudan) para 10º dan (joudan), o mais alto grau. Esses graus se diferenciam pelas seguintes cores das faixas: